o imanifesto

 

 “Como a verdadeira natureza se perdeu, tudo pode ser natureza.”

Lezama Lima

 

As paisagens, construídas a partir da sobreposição de imagens mais ou menos ordinárias, só se tornam possíveis a partir do imaginário que as criou. Os artifícios para sua construção, se não são exatamente sutis, tampouco são evidentes. Cria-se uma atmosfera de mundo crível, ainda que fantástico.

Apesar de elaborado no contexto da teoria da poesia, o pensamento contido na frase de Lezama Lima citada acima encontra reverberação também no mundo da técnica e da ciência. A reinvenção radical da natureza em busca da eficiência se dirige aos corpos e ao espaço físico, trazendo transformações profundas no planeta e nas espécies que o habitam. A paisagem que representa esse novo universo visível, que vai sendo construído pela técnica, precisa estar à altura da artificialidade do mundo que representa (sendo igualmente hiper construída) mas, ao mesmo tempo, resgatar algo que permaneça de imanifesto, invisível e mágico. Retomando algo da simplicidade e do encantamento gerado pelo cinema dos primórdios, o espaço construído pela obra se torna, assim, uma espécie de paraíso artificial.

A instalação é montada sobre três tapadeiras dispostas em formato de arena, sem indicação de começo, meio ou fim, propondo um ambiente em que a paisagem se apresenta indefinidamente, como janelas para um universo ficcional ao mesmo tempo familiar e improvável.